terça-feira, 27 de abril de 2010
segunda-feira, 26 de abril de 2010
Barthélémy
Barthélémy Toguo nasceu nos Camarões em 1967.
Faz desenhos, pinturas, esculturas, intalações.
Faz arte. Muitíssima.
E faz mais que isso.
Vale a pena conhecer o projecto Bandjoun station
"Aware of the double dilemma of being on the one hand unable to protect Africa’s classical and contemporary artistic heritage, and yet keen to undertake an ambitious cultural project, I decided to use most of the money I have I earned through my work as an artist to set up "Bandjoun Station", a ... a non-profit-making project of entirely personal inspiration in terms of concept, construction, production and implementation.
We Africans do not have the ‘luxury’ of surrender, of whining and waiting, in spite of the enormous number of obstacles encountered by Africa and her diaspora. It is essential that we find OUR OWN solutions in all areas, whether agriculture, healthcare, economy, culture, politics, education or sport. In order to do that our African countries must set up a large number of vibrant and innovative structures in order to stimulate creativity and the desire for culture, as well as to develop the practical side and bring projects to fruition."
domingo, 25 de abril de 2010
SPIER
Até 14 de Maio, em Cape Town
a bienal Spier Contemporary 2010
Sean O'Toole escreve em Mahala sobre a exposição.
101 artistas residentes na África do Sul podem ver-se aqui
Brett Murray, Culture
sábado, 24 de abril de 2010
terça-feira, 13 de abril de 2010
CASA COIMBRA
A Casa Coimbra, com os seus três pisos de habitações, era famosa pelo grande armazém têxtil que ocupava o rés-do-chão e a sobre-loja. Nas montras envidraçadas da frontaria e da entrada do edifício, expunham-se fatos de homem e senhora, tecidos, luvas, e outros acessórios de vestuário e alfaiataria. A Casa Coimbra era, no circuito comercial da baixa, a casa de referência da moda da época.
O edifício, um exemplar da arquitectura do Estado Novo construído em meados do século XX, foi adquirido recentemente pelo Banco de Moçambique e deverá ser demolido muito em breve dando lugar a uma nova construção de mais de vinte pisos.
Reutilizar edifícios ou áreas, construir novas histórias em espaços que fazem já parte da história, preservar memória e “documentos” que possam atestar essa memória, são responsabilidades do estado e das organizações da sociedade. Os artistas, os cidadãos anónimos, ou outros grupos, mais ou menos organizados, têm por isso o direito e a obrigação de intervir e de opinar sobre o destino da sua cidade e dos elementos que a compõem.
O projecto "Ocupações temporárias" tem a sua génese ligada a este edifício. Desde sempre a possibilidade de ocupar a loja da Casa Coimbra nos fascinou, por isso solicitamos ao proprietário a sua utilização, explicando o carácter temporário da mesma.
“(…)Os locais de exposição serão espaços alternativos, espalhados pela cidade e que constituem um roteiro pela cidade e pela sua arquitectura. Gostaríamos de integrar o espaço da Casa Coimbra neste evento e de expor trabalho (desenho) do artista Celestino Mudaulane. Esta escolha prende-se não apenas com o espaço em si (que sabemos está degradado e em vias de sofrer uma intervenção), mas também com a inclusão num roteiro pela baixa da cidade. (…)”
A resposta tardou (chegou após a inauguração da exposição),e foi negativa.
" Matola, 23 de Março de 2010
Exmos Senhores
Ocupações Temporárias
Assunto: “Parceria para Exposição”
Acusamos a recepção da Vossa nota, Refª nº OT20 – 10/006 de 16 de Fevereiro, solicitando a inclusão do espaço Casa Coimbra num roteiro de exposição na baixa da cidade, nomeadamente para expor trabalhos do artista Celestino Mudaulane.
O Banco de Moçambique tem como Política de acção o apoio a iniciativas culturais que visam promover e desenvolver a nossa cultura. Esta iniciativa mereceu neste âmbito a nossa melhor atenção e apraz-nos felicitar a Organização, porém lamentamos não poder acolher a exposição no espaço da Casa Coimbra (…).”
A chamada de atenção para a questão da preservação do património, da discussão pública da sua classificação e utilização, eram o objectivo da intervenção do artista Celestino Mudaulane. A Casa Coimbra era o local escolhido. A impossibilidade de ocupação daquele local não resolveu as questões existentes. Por isso a ocupação “Casa Coimbra” foi realizada num espaço em condições de demolição eminente, de grande acessibilidade para o público e numa zona nobre da cidade.
Agradecemos aos proprietários da ruína da Av. Eduardo Mondlane a disponibilidade e o apoio às “Ocupações Temporárias 20.10”
Fotografias:
Mauro Pinto (cor) e Filipe Branquinho (preto e branco)
segunda-feira, 12 de abril de 2010
FERROVIÁRIO
O Edifício sede do Clube Ferroviário, um dos vários exemplares de Arte Deco de Maputo, data de 1944.
A história do clube está inevitavelmente ligada à empresa de caminhos de ferro, contudo a associação não nasce por iniciativa desta.
Junto do Matadouro (velho) havia uma cantina onde se jogava o chinquilho, e alí se reunia, nas horas vagas, o pessoal da Tracção que cultivava aquela modalidade de jogo. Perto havia o campo de futebol do Sporting Clube de Lourenço Marques (mais tarde campo de treinos do 1º de Maio) onde se disputava os campeonatos da Associação local. Um dia do mês de Setembro de 1924, à porta dessa mesma cantina, abria-se uma quota entre indivíduos para a compra de uma bola e respectiva bomba. E assim nasceu o Clube Ferroviário de Moçambique. O seu nome de parto era Clube Desportivo Ferroviário.
Da compra da bola nasceu a ideia de se fundar o clube. O teor da primeira acta rezava assim:
"Aos 13 de Outubro de 1924, pelas 20 horas, reuniu-se na casa nº. 13 da Vila Mousinho, um grupo de ferroviários que deliberou fundar em Lourenço Marques uma associação desportiva, denominada «Clube Desportivo Ferroviário», destinada a exercer o desporto e a beneficiência".
O casamento do clube com os Caminhos de Ferro, enquanto que empresa, dá-se em 1931, quando a Administração Ferroviária " delega o clube para trabalhar na educação física dos seus funcionários ". O primeiro campo, iluminado exemplarmente por via da quotização dos sócios, foi erguido em 1944, à semelhança do que aconteceu nos anos 60 com Estádio da Machava (na altura Estádio Salazar).
Texto a partir de Marcelo Mosse in Xitimela
Fotografias/Photos: Filipe Branquinho
Fotografias/Photos: Filipe Branquinho
sábado, 10 de abril de 2010
USADO/USED
Gonçalo Mabunda, cresceu num ambiente assombrado por objectos de guerra. Talvez por isso, desde tenra idade desenvolveu uma visão profunda sobre a natureza da guerra civil que dividiu Moçambique. Como artista, Gonçalo empenha-se em comunicar seus pensamentos sobre como a violência pode ser devastadora.
Usando armas desactivadas, que foram armazenadas durante a guerra, Gonçalo cria objectos que parecem demonstrar uma metáfora sobre a violência, mas que ultrapassam já a questão bélica.O sonho, a religião, as relações sociais, são quotidianos presentes nas peças do artista; auto-retratos e retratos de outros, integram a sua galeria que parte sempre do ferro velho, do desperdício, do dispensável, do já usado e já gasto.
Sem nunca abandonar os restos de guerra, o artista insiste em libertar-se dela, da guerra, transformando as suas sobras, as suas memórias, em vida comum, fazendo com as suas criações fortes declarações políticas. Sem exaltações.
Texto elaborado a partir de Myweku
Fotografia/Photo: Filipe Branquinho
sexta-feira, 9 de abril de 2010
MERCADO/MARKET
Construído em 1901 o Bazar Central é o mais carismático mercado da cidade. Localizado na baixa de Maputo, é local de cruzamento de turistas e habitantes da cidade que ali se abastecem de fruta, vegetais, peixe fresco, ou artesanato, produtos de beleza, condimentos e até pequenas utilidades.
Fotografias/Photos: Filipe Branquinho
quinta-feira, 8 de abril de 2010
DINHEIRO/MONEY
A Filosofia do Dinheiro, Cabaças e outras ideias
O filósofo e sociólogo Alemão Georg Simmel viu o dinheiro como uma explicação para entender a complexidade da vida. Simmel pensava que pessoas criavam valor ao produzir coisas, separando-se delas, e também tentando depois distanciar-se destas duas situações. Coisas que estão perto demais não são consideradas valiosas e coisas que estão demasiado longe para as pessoas as possuírem também não. Mas há outros factores que determinam o valor, como a escassez, o tempo, o sacrifício, e as dificuldades envolvidas em obter o objecto.
Gemuce é um artista multi-média de Maputo, Moçambique. Treinado em Kiev durante o regime socialista Soviético, a sua prática junta as raízes Africanas com as imagens revolucionárias e as metáforas da Europa de Leste. A sua experiência na antiga União Soviética, iniciada na guerra fria e, mais tarde, com o alvorecer da Perestroika, deu forma à sua aproximação política e artística, trata-se de um artista treinado numa tradição de arte propagandista, que desde então tem sido transformada num interesse pelo paradoxo e pela dicotomia.
Num projecto recente com a Deveron Arts em Huntly no norte oriental da Escócia, Gemuce montou o Calabash Bank (Banco Cabaça), um banco de ideias, não de dinheiro. As cabaças transformaram-se em moeda, as ideias em produto. Gemuce escolheu a cabaça como um símbolo Africano abundante, de fácil acesso e talvez até com pouco valor de troca. Contudo, é também algo que pode ser considerado exótico pelos Europeus, em termos estéticos e utilitários. O artista montou um banco com centenas de cabaças e trocou-as por ideias, um produto raro num mundo que gira rapidamente e que nos dá pouco tempo para a reflexão. Tudo isto durante a quadra Natalícia, quando as preocupações das pessoas se dividem entre a doação, o tempo com família e o “bom comportamento” por um lado, e as compras, gastar dinheiro e “gozar a vida”por outro. Em espaços de compras e doação, como o comboio especial para os compradores que se deslocavam a Aberdeen, num Sábado de Dezembro, a loja da caridade Cruz Vermelha local, o supermercado ou o banco, Gemuce interrogou pessoas sobre seus padrões de despesas e o seu relacionamento com a doação. Em retorno pelas ideias novas, os clientes recebiam um cartão de crédito Cabaça, que poderia ser trocado por uma cabaça verdadeira na abertura oficial do banco.
Outros dos projectos que Gemuce tem executado são as séries de esculturas. Carrinhos de corrida intitulados Corrida de Preconceitos vestidos com roupa interior masculina de marca sugerem um relacionamento subtil mas complexo entre, por um lado o naive e o jogo de crianças , por outro o mundo da moda e a cultura de consumo “macho”.
Prioridade de Passagem é a escultura imensa, de um homem barrigudo, bem alimentado, com moedas coladas sobre seu corpo. Mostrado no 'show-room' de um fabricante de carros Japonês, este homem feito de forma quase cruel – parte de um tríptico (ele é acompanhado por um peixe de papel e um porco) presencia as vendas dos carros brilhantes em Maputo.
Na Filosofia do Dinheiro, Simmel defende que a troca económica é uma forma de interacção social. Quando as transacções monetárias começaram a substituir outras formas de troca, ocorreram mudanças importantes na forma de interacção entre as pessoas. O dinheiro tem a qualidade da divisão exacta e permite quantificação de equivalentes. É impessoal de uma maneira que os objectos de troca nunca poderão ser. Assim, ajuda a promover cálculo racional em relacionamentos humanos e promove a racionalização que caracteriza a sociedade moderna. Quando o dinheiro se transforma na ligação predominante entre pessoas, diz o autor, ele substitui laços pessoais, manifestados em sentimentos aleatórios, por relações impessoais que são limitadas a um uso específico. Consequentemente, o cálculo abstracto invade áreas da vida social como as relações de família ou o reino da apreciação estética, que eram previamente do domínio da consideração qualitativa mais do que quantitativa.
O dinheiro no mundo moderno é mais do que um padrão de valor e do que um meio de troca. Superior às suas funções económicas, simboliza e personifica o espírito moderno de racionalidade, de calculismo, de impessoalidade. O dinheiro nivela diferenças qualitativas entre coisas, bem como entre pessoas. Para Simmel é o mecanismo que pavimenta o caminho de Gemeinschaft a Gesellschaft, de comunidade a sociedade. Sob sua tutela, o espírito moderno do cálculo e a abstracção prevaleceram sobre uma visão mais velha do mundo que atribuísse a superioridade a sentimentos e imaginação.
O trabalho escultórico e performativo de Gemuce pode ser visto como uma tentativa de tornar esta afirmação visual. Em Maputo o artista sugere haver uma rápida transferência dos valores passados das pessoas, manifestados em parentescos e costumes, para outros valores de troca introduzidos por influências capitalistas ocidentais. Em Huntly, tenta convencer as pessoas a pensarem nos seus valores reais através da troca de ideias por um fruto de trepadeira. Um conjunto de pensamentos que nos levam da comunidade para a sociedade e de volta (embora numa experiência curta) à possibilidade de comunidade.
Claudia Zeiske
Março 2010
Fotografia/Photo: Filipe Branquinho
quarta-feira, 7 de abril de 2010
MUSEU/MUSEUM
O Museu de História Natural foi fundado em 1911 e instalado desde 1933 num belo edifício inspirado no estilo Manuelino, construído pela Câmara Municipal.
Começou por ser Museu Provincial, depois Museu Dr. Álvaro de Castro, passando a designar-se, após a independência, por Museu de História Natural.
Começou por ser Museu Provincial, depois Museu Dr. Álvaro de Castro, passando a designar-se, após a independência, por Museu de História Natural.
Sob a tutela da Universidade Eduardo Mondlane o museu alberga um considerável espólio de animais embalsamados: mamíferos, aves, invertebrados e répteis, para além de uma extensa colecção de insectos. Este museu detém ainda uma colecção, provavelmente única no mundo, de fetos de elefante desde o primeiro até ao vigésimo segundo mês de gestação.
O Museu possui uma sala de etnografia e as colecções ali expostas são as colecções mais antigas existentes nos museus de Moçambique. Começaram, provavelmente, a ser reunidas pouco depois da criação do Museu, em 1911, por governadores de distrito e administradores, ou, em alguns casos, talvez sejam mesmo anteriores a esta data.
Fotografias/Photos: Filipe Branquinho
Fotografias/Photos: Filipe Branquinho
terça-feira, 6 de abril de 2010
QUOTIDIANO/EVERYDAY
O trabalho de Pinto fala do dia-a-dia. Ele desenha o indivíduo no seu ambiente familiar ou capta os confrontos entre o cidadão comum e o governo.
Tem um estilo próprio que nos recorda Picasso. Em especial ocorre-nos o mural Guernica (1937), tanto pelo assunto como pela forma como Picasso retrata as pessoas deslocadas, fragmentadas. Os invíduos que fazem a galeria de desenhos de Pinto, tal como no trabalho de Picasso, tomam diferentes formas, com corpos que se estendem sem fim, tornando-se mais largos ou mais finos, transformando-se em criaturas estranhas. Mas os desenhos de Pinto são mais rápidos, mais agressivos.
Tem um estilo próprio que nos recorda Picasso. Em especial ocorre-nos o mural Guernica (1937), tanto pelo assunto como pela forma como Picasso retrata as pessoas deslocadas, fragmentadas. Os invíduos que fazem a galeria de desenhos de Pinto, tal como no trabalho de Picasso, tomam diferentes formas, com corpos que se estendem sem fim, tornando-se mais largos ou mais finos, transformando-se em criaturas estranhas. Mas os desenhos de Pinto são mais rápidos, mais agressivos.
As suas composições são frequentemente descentradas, a sua narrativa não é linear, antes simultânea, tudo acontece ao mesmo tempo, dando ao espectador a sensação de que uma tempestade acabou de passar. Frequentemente Pinto trabalha em series onde cada tema é trabalhado de forma sequencial, narrando assim toda a história em diversas partes.
Pinto formou-se em 2004 em design na Escola Nacional de Artes Visuais e mais tarde em Arquitectura pela Faculdade de Arquitectura e Planeamento Físico da Universidade Eduardo Mondlane.
“Maputo, a tale of one city”
Catálogo – AA VV
Fotografia/Photo: Filipe Branquinho
Fotografia/Photo: Filipe Branquinho
sábado, 3 de abril de 2010
MURAL
Celestino Mudaulane é um escultor e um estudioso da História Social. Nos seus trabalhos de escultura utiliza o barro como matéria prima e as suas peças são de grande escala. Celestino cria figuras antropomórficas que, de um modo mais ou menos recôndito, podem evocar alguma tradição escultórica maconde sendo que as figuras do Celestino são desfigurações urbanas ou de uma forma mais universal são desfigurações da condição humana. Estas desfigurações aparecem com as figuras contorcidas, meio bestas, meio humanas. Estas peças embora se apresentem como obras individuais fazem parte de séries e não importa muito saber se estas figuras são realistas, ficcionadas, ou sonhadas. São excessivas estas figuras.
Como é sabido não se conhece nenhum género de arte barroca que se tenha imposto em África, nem tão pouco parece que este género artístico tenha influenciado no seu tempo as artes africanas. Este género da sumptuosidade, do catolicismo da contra-reforma e dos Impérios ricos da Europa nunca fez escola em África. E no entanto, com todas as cautelas que é necessário ter nesta afirmação, há algo de barroquizante nas esculturas do Celestino, do barroquizante pelo lado das torções e das curvas infinitas e do peso da estatuária, neste caso muito ligada à terra.
O Celestno Mudaulane começou a desenhar de uma forma disciplinada e constante por via da necessidade. Convidado há uns anos para expor em Lisboa viu-se confrontado com a impossibilidade de transportar as suas esculturas dadas as dimensões das mesmas e o peso que inviabilizariam o transporte da obra. O Celestino começou então a desenhar a negro sobre folhas brancas que colava, umas às outras formando grandes painéis que chegavam a ter mais de três metros de lado por dois de altura. Neles Celestino começou a desenhar. Inesperadamente os desenhos não eram esboços das esculturas nem tão pouco imagens a duas dimensões das mesmas. Os desenhos passaram a ser episódios de uma vida urbana, narrativas curtas ficcionadas ou uma espécie de provérbios em forma de desenhos a negro e branco.
Do trabalho anterior de escultura, Celestino conserva neste novo material de trabalho a desfiguração mas agora, a par das linhas curvas, introduz as rectilíneas e as composições em xadrez. Ainda do ponto de vista da técnica utilizada destaca-se a grelha dos desenhos de texturas diferenciadas evocando alguma tapeçaria moçambicana e as combinações de círculos com linhas paralelas ou em ziguezague que dão aos desenhos uma configuração de tatuagem e de estrias físicas que mais uma vez nos remetem para a geometria das marcas de algumas culturas subsarianas.
Um dos aspectos mais fascinantes na obra actual do Celestino é que a mesma não é uma obra realista apesar de evocar situações realistas como "a cultura moçambicana", “nostalgia da guitarra", "tchova xita duma" títulos de trabalhos recentes, o que permite uma mediação da ordem do artístico e provoca uma recepção crítica mais atenciosa.
A última aventura de Celestino agora é a passagem do papel à parede, no projecto Casa Coimbra. Neste trabalho o artista vai com certeza conseguir conciliar a sua poética artística, o seu traço de autor, com a dimensão de agente social e de historiador. O muralismo é um arte de intervenção e ainda que os seus trabalhos venham a ser efémeros, a sua acção como artista de intervenção social no conceito mais sofisticado do termo não o será.
António Pinto Ribeiro
Fotografia/Photo: Filipe Branquinho
António Pinto Ribeiro
Fotografia/Photo: Filipe Branquinho
quinta-feira, 1 de abril de 2010
MINERVA
João António de Carvalho chegou a Lourenço Marques com 18 anos, em Agosto de 1896. Na mercearia onde trabalhava com o primo que o acolheu, o jovem decidiu vender jornais e revistas da metrópole, como forma de aliviar saudades e nostalgias.
A sua fama de vendedor de jornais e revistas espalhou-se rapidamente e a 14 de Junho de 1908, inaugura a Minerva Central - Livraria e Papelaria na Rua Dom Luís, hoje Consiglieri Pedroso.
A primeira edição da Minerva foi o Livro Código Commercial Telegraphico ´Ribeiro´ conhecido de sobejo por “Código Guedes”.
Passaram-se décadas e a firma teve uma evolução extraodinaria, passando a ter um número maior de lojas em Maputo e na cidade da Beira. O prestígio da Minerva converteu-a num lugar por excelência de encontro de gentes das letras. Passaram ali notáveis escritores e personalidades das várias facetas da vida pública daqueles tempos.
A Minerva teve a particularidade de ter sempre na sua direcção ou gestão membros da família Carvalho, facto que até hoje prevalece. Grande parte das infra –estruturas preserva a sua anterior arquitectura, salvo alterações que foram feitas internamente para alargar os espaços, aumentar as lojas (com o inicio do sector informático). Muitas dessas alterações visavam prodecer pequenas alterações departamentais e não exigiram grandes obras.
Fotografias/Photos: Filipe Branquinho
Texto/Text: Tavares Belarmino
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